Eu não aceito ser colonizada!
Não sou uma mata virgem esperando ser predada por um colonizador, por alguém que vai trazer progresso ou me civilizar. Não sou uma selvagem, sou uma mulher.
Não quero ser salva por ninguém. Não estou no caos.
Quando se nasce mulher você está sempre (ou quase sempre) com defeito e esperam que você aceite que um homem venha te consertar, te salvar da "decadência" de si mesma, te guiar porque, supostamente, ele é capaz de não te deixar "se perder" e precisa dar sentido a sua vida. Sem ele, você estaria perdida, jogada no ostracismo social.
"Quando casar ela sossega", "quando tiver filho ela vai dar atenção as coisas "importantes" da vida (a saber, família dos anos 50).
Não quero ser guiada. Eu sou minha própria guia.
Não saí da autoridade de pai para um marido. Eu sou minha própria autoridade.
Não existe ninguém neste mundo e homem nenhum neste mundo que entenda a minha vida melhor do que eu. É por isso que, mesmo apaixonada, eu não entrego as rédeas do meu ser a ninguém.
Relacionamento tem que ser construção e não salvação.
A Eupora solidificou o mito da mulher selvagem. Esta seria a que fala por si, que tem seus próprios desejos e que age como protagonista da própria vida (e não a melhor amiga). Durante a caça as bruxas, qualquer mulher que desviasse um pouco do padrão estaria copulando com o demônio e seria uma bruxa. Logo, torturada. Depois, a mulher oitocentista devia ser SALVA de seus próprios desejos com o casamento (pra conter a sexualidade feminina ela precisava se entregar a um homem que pudesse corrigi-la), e através da maternidade (a mulher mãe seria salva dos seus próprios desejos ao abdicar de sua vida para criar seus filhos). O homem, curiosamente, apesar de cometer os maiores crimes contra a huminidade em todos os tempos, não precisava ser salvo.
A todas nós que somos tratadas pela família, pelo Estado, pela religião, pela direita, pela esquerda, como se tivéssemos que ser corrigidas RESISTAM.
- junho 11, 2023
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